Segundo Domingo de agosto Comemora-se o Dia dos Pais
E os pais que vivem isolados Em quartinhos de quintais
Os pais que vivem mudos Porque os filhos sabem mais
Asilos e casas de repouso Vivem esses marginais
Marginalizados pelos filhos Essas feras racionais
Deus sabe quanto lutaram Para criar esses filhos
Hoje são homens formados Jogam seus pais em asilos
Quantos hoje são mendigos Mãos estendidas pedem auxílio
Se eles ficam em casa São verdadeiros empecilhos
Enquanto os velhos mendigam Os jovens vivem tranquilos
Os filhos ouvem música Ou assistem televisão
E o velho pai onde está ? Sentado na cama no porão
Meu pai não gosta de nada Vive bem com a solidão
Descí as escadas e fui ver Ví o velho esfregando as mãos
Estava muito gelada Com o frio da ingratidão
O absurdo dos absurdos Eu quero contar pra vocês
Conheço um velho pai doente Filhos casados tem três
Três casas para ficar Cada casa fica um mês
Eu pergunto a mim mesma Que mal este velho fez ?
Por que os filhos têm tudo E os pais nunca tem vez ?
Tudo o que bate volta É um grande ditado
Se teu pai vive assim Tenha muito cuidado
O tempo corre, a vida passa E você já está escalado
A dormir no porão úmido E teu filho no sobrado
Quem semeia semente ruim Vai colher fruto estragado...